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Pé chato do adulto (pé plano valgo)

Embora muito frequente, o pé chato nos adultos – diferentemente dos casos pediátricos – não costuma ser um motivo de procura médica.

O chamado pé plano valgo flexível indolor é uma variação da anatomia normal, muito comum e presente desde a infância. Embora não impeça a prática de atividades esportivas, pode ser incorretamente avaliado como “pisada errada”. Na realidade, por se tratar apenas de uma variação da normalidade, não necessita de tratamento e a tentativa de “corrigir” pode, inclusive, gerar dor e lesões.

Desta forma, o pé chato do adulto costuma ser assintomático e passa a preocupar, quando causa dor.

Pessoas que não tinham pé chato e passam a ter (pé plano adquirido) também costumam procurar avaliação de um especialista. Nestes casos, os principais diagnósticos diferenciais são: a insuficiência do tendão tibial posterior, sequela de fraturas e artropatia de Charcot.

Insuficiência do tendão tibial posterior

A curva natural que temos na parte de dentro dos pés – chamada de arco plantar – é mantida ativamente por diversas estruturas, sendo o tendão tibial posterior uma das principais.

Durante a caminhada normal o tendão tibial posterior é ativado, modificando o alinhamento dos ossos e permitindo a transmissão de força para o solo. Quando se torna insuficiente, as outras estruturas de manutenção do arco ficam sobrecarregadas e o pé se torna progressivamente chato.

Essa patologia tem componente genético e sofre influência da alteração hormonal da menopausa, sendo portanto, mais frequente nas mulheres.

Muitas vezes pacientes com insuficiência do tendão tibial posterior são tratados por muito tempo de forma equivocada por dores secundárias (fascite plantar entre elas), sem que se identifique a causa principal.

Apenas em um estágio muito inicial da doença o tratamento pode ser conservador. Os demais casos envolvem uma abordagem cirúrgica.

Sequelas de fraturas

Fraturas que envolvem articulações costumam evoluir artrose (degeneração da articulação) e podem gerar perda do arco do pé.

Quando não há um perfeito alinhamento entre os fragmentos ósseos, após o tratamento da fratura (redução inadequada ou não redução das fraturas), a articulação pode sofrer degeneração e evoluir com perda do arco plantar.

Casos assintomáticos podem ser acompanhados, adaptando-se os calçados.

Independente da causa, se a mecânica do pé é alterada, perdendo-se o arco plantar, pode haver calosidade e dor. Nos casos sintomáticos, além da adequação dos sapatos, a correção cirúrgica das deformidades pode ser necessária para melhora da mecânica.

Artropatia de Charcot

De maneira resumida, essa doença é uma consequência da perda de sensibilidade do pé.

Em pessoas normais, traumas geraram dor e levam o individuo a proteger o pé: caminha-se com mais cuidado, até mesmo evitando o apoio do pé acometido, diminuindo a chance de novos traumas.

Com a perda de sensibilidade, ao ocorrerem lesões no pé, o paciente não percebe e as lesões vão se repetindo. Toda lesão gera um componente inflamatório – essencial para a cicatrização – mas, com os traumas frequentes, há manutenção e aumento do processo inflamatório, gerando um enfraquecimento dos ossos e provocando deformidade progressiva.

A anatomia do pé se altera, surgem pontos de pressão que, nesses pés insensíveis, podem se tornar calosidades e posteriormente ulceras.

Após o diagnóstico, o tratamento envolve a proteção do pé na fase inflamatória, a correção das deformidades residuais e a proteção das áreas de pressão para evitar o aparecimento de ulceras.

 

As preocupações mais frequentes dos pais em ortopedia pediátrica

Conheça as preocupações mais frequentes dos pais em ortopedia pediátrica

1. Pé chato

Conhecido no meio médico como “pé plano”, geralmente é notado pela família ou pelo médico pediatra quando o bebê começa a andar. Muitas vezes se torna uma fonte de grande preocupação. Questionamentos a respeito do que fazer (ou não fazer nada?!) ou se a criança pode ter problemas no futuro invadem as mentes de pais, avós, tios… É muito importante entender que o pé chato é, na maioria das vezes, uma variação normal. Deve ser uma preocupação quando for rígido (não formar a curva nem quando na ponta dos pés), for doloroso ou quando for adquirido (não tinha pé chato e passou a ter).

 

2. Luxação Congênita do Quadril (displasia do desenvolvimento do quadril – DDQ)

A doença mais frequente do quadril nos primeiros anos de vida. É fundamental fazer o diagnóstico ou pelo menos a suspeita logo no berçário ou nos primeiros meses. Para isso o exame físico adequado complementados muitas vezes por exames de imagem (ultrassom e radiografia) são suficientes. O tratamento varia com a idade, sendo mais invasivo (cirurgia) nas crianças mais velhas.

 

3. Pé torto

O termo pé torto é muito genérico e pode significar praticamente qualquer coisa desde doenças até variações normais. Os mais importantes são:

                    Pé torto congênito

  • Pé torto congênito – quando o pé tem curvatura intensa para a parte interna do pé e é rígido. Não pode ser corrigido pela manipulação simples e é tratado por manipulação e troca de gesso segundo o método de Ponseti.

               Pé metatarso adulto

 

 

  • Pé metatarso adulto – também aponta para dentro, mas menos intensamente e mais flexível que o pé torto congênito. Na Maioria dos casos tem melhora espontânea. Pode necessitar de tratamento se for doloroso (em especial no uso dos calçados).

                         Pé talo vertical

 

  • Pé talo vertical – também conhecido com pé em mata borrão. É um pé plano rígido. Uma saliência (cabeça do talus) pode ser palpada na planta do pé. Deve ser tratado com manipulação seguido de cirurgia.

 

 

4. Diferença de comprimento entre as pernas

Muitas pessoas têm diferenças pequenas de comprimento entre as pernas (de até 1,5cm) e nunca se deram conta disso. Diferenças maiores geram repercussão e devem ser tratadas. Identificar a causa da diferença é fundamental para prevenir que ela aumente. O tratamento é mais fácil no indivíduo ainda em crescimento e pode variar da compensação com palmilhas à cirurgia.

 

5. Quedas frequentes

Crianças seguem um “cronograma”. Esse corresponde ao desenvolvimento do esqueleto, musculatura e principalmente do cérebro. Ele não é idêntico para todos, segue um padrão com períodos variados nos quais a criança pode desenvolver determinada habilidade como engatinhar, andar, subir escadas, saltar e correr. Na maioria das vezes, a criança tem apenas um amadurecimento mais tardio e não necessariamente significa uma doença.

Quando, no entanto, o desenvolvimento foge muito do esperado deve ser avaliada pelo pediatra em conjunto com o especialista adequado para estabelecer o diagnóstico e planejar o tratamento específico.

Seu filho tem pé chato? Será?

A anatomia do pé plano é natural em todos os recém-nascidos e se mantém assim por algum tempo. Diagnóstico certeiro só mesmo após os quatro anos de idade

Entre tropeços e acertos, por volta do primeiro ano de idade, os pequenos começam a arriscar alguns passos. Mas logo já estão dando aquele trabalho, correndo pela casa toda, certo? Entretanto, passado algum tempo, quando notam algo estranho na aparência do pé ou no modo como o filho anda, apoiando toda a planta no chão, os pais podem se perguntar se a criança tem pé chato. Trata-se de uma constituição anatômica normal a todos os bebês durante os primeiros anos de vida. No entanto, a curvatura do pé depende do desenvolvimento da criança e até mesmo do estímulo do andar para se formar. Por isso, o diagnóstico só pode ser confirmado aos 4 anos de idade.

Se ainda assim a queixa persistir, os pais devem procurar um ortopedista para avaliar não apenas a anatomia, mas também a rigidez e o incômodo que o paciente sente. Entretanto, o pé pode, de fato, ter menos arco medial e não causar sintomas à criança. A intervenção médica só é recomendada quando há dor ou calosidade.

Quando a condição interfere apenas no andar, ou se trata apenas de uma questão estética, a cirurgia não é indicada, pois é preciso respeitar a mecânica natural de cada indivíduo.

Uma das causas mais frequentes de fratura em atletas ocorre quando o técnico tenta modificar o modo como a pessoa corre. Isso aumenta oestresse em estruturas que antes não estavam preparadas para isso e gera lesão em vez de melhorar o desempenho.

Quando o médico percebe, no exame físico, que as articulações não são flexíveis entre elas, essa rigidez também é motivo de intervenção, que pode ser cirúrgica, a fim de realinhar os ossos do pé, ou readequar o uso de calçado. Tal condição, mais frequente em pés planos, pode indicar a presença de uma ponte óssea que limita o movimento entre os ossos do pé, e isso geralmente causa dor. Também pode acontecer de o paciente passar a infância sem sintomas e o problema incomodar na fase adulta.

Bota e palmilha resolvem?

A antiga resolução para o pé chato ficou no passado. Vários estudos aplicados em populações diferentes, que usaram e não usaram bota, apontaram que o percentual de crianças que mantiveram o pé plano é igual ao das que não o mantiveram. Ou seja, sem eficácia comprovada, o método não é mais utilizado.

O que de fato surte efeito é deixar que a criança ande descalça desde pequena, em terrenos diferentes. A meia antiderrapante não vale. Só mesmo com o pé no chão o bebê vai se acostumando às diferentes texturas e temperaturas. Isso fortalece a musculatura intrínseca do pé e diminui a incidência de pé plano.

Vale ressaltar ainda que pés planos são flexíveis e amortecem muito bem; por isso, outra recomendação é optar por calçados mais firmes, com bicos arredondados. Também não custa nada lembrar que o uso de salto alto é recomendado apenas a partir da adolescência, quando já se atingiu maturidade óssea.

Artigo escrito pelo Dr. Buno Massa para o ABC da saúde infanto-juvenil

Como saber se a criança tem pé chato?

Especialista mostra que o melhor, para prevenir o problema, é deixar os pequenos caminharem com os pés descalços em diferentes terrenos

Entre tropeços e acertos, por volta do primeiro ano de idade, os pequenos começam a arriscar alguns passos. Mas, logo já estão dando aquele trabalho, correndo pela casa toda, certo? Entretanto, passado algum tempo, quando notam algo estranho na aparência do pé ou no modo como o filho anda, apoiando toda a planta do pé no chão, os pais podem se perguntar se a criança tem pé chato. Segundo o médico Bruno Massa, o pé plano se trata de uma constituição anatômica normal a todos os bebês durante os primeiros anos de vida.

“A curvatura do pé depende do desenvolvimento da criança e até mesmo do estímulo do andar para se formar. Por isso, só confirmamos o diagnóstico aos quatro anos de idade”, diz o ortopedista, que atua no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Se ainda assim a queixa persistir, os pais devem procurar um ortopedista para avaliar não apenas a anatomia, mas a rigidez e o incomodo que o paciente sente. “Isso porque o pé pode, de fato, ter menos arco medial, mas não causar sintomas à criança. A intervenção médica só é recomendada quando há dor ou calosidade”, explica o especialista.

Quando a condição interfere apenas no andar, ou se trata apenas de uma questão estética, a cirurgia não é indicada, pois, de acordo com Bruno Massa, é preciso respeitar a mecânica natural de cada indivíduo. “Uma das causas mais frequentes de fratura em atletas ocorre quando o técnico tenta modificar o modo como a pessoa corre. Isso aumenta o estresse em estruturas que antes não estavam preparadas para isso, gerando lesão em vez de melhorar a performance”, exemplifica o ortopedista.

Bota e palmilha resolvem?

A antiga resolução para o pé chato ficou no passado. Segundo Bruno, vários estudos aplicados em populações diferentes, que usaram ou não bota, apontaram que o percentual de crianças que mantiveram ou que corrigiram o pé plano é igual. Ou seja, sem eficácia comprovada, o método não é mais utilizado.

O que, de fato, surte efeito na opinião do especialista é deixar que a criança ande descalça desde pequena, em terrenos diferentes. A meia antiderrapante não vale. Só mesmo com o pé no chão o bebê vai se acostumando às diferentes texturas, temperaturas. “Isso fortalece a musculatura intrínseca do pé e diminui a incidência de pé plano”, diz o especialista.

Bruno explica que pés planos são flexíveis e amortecem muito bem, por isso, outra recomendação é optar por calçados mais firmes, com bicos arredondados. Também não custa nada lembrar que o uso de salto alto é recomendado apenas na adolescência, quando já se atingiu maturidade óssea.

Artigo originalmente postado em: Uai

Pé chato: Diagnóstico é certeiro só após os 4 anos

Entre tropeços e acertos, por volta do primeiro ano de idade, os pequenos começam a arriscar alguns passos. Mas logo já estão dando aquele trabalho, correndo pela casa toda, certo? Entretanto, passado algum tempo, quando notam algo estranho na aparência do pé ou no modo como o filho anda, apoiando toda a planta do pé no chão, os pais podem se perguntar se a criança tem pé chato. Segundo o médico Bruno Massa, o pé plano se trata de uma constituição anatômica normal a todos os bebês durante os primeiros anos de vida.

“A curvatura do pé depende do desenvolvimento da criança e até mesmo do estímulo do andar para se formar. Por isso, só confirmamos o diagnóstico aos quatro anos de idade”, diz o ortopedista que atua no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas.

Se ainda assim a queixa persistir, os pais devem procurar um ortopedista para avaliar não apenas a anatomia, mas a rigidez e o incomodo que o paciente sente. “Isso porque o pé pode, de fato, ter menos arco medial, mas não causar sintomas à criança. A intervenção médica só é recomendada quando há dor ou calosidade.”

Quando a condição interfere apenas no andar, ou se trata apenas de uma questão estética, a cirurgia não é indicada, pois, de acordo com doutor Bruno, é preciso respeitar a mecânica natural de cada indivíduo. “Uma das causas mais frequentes de fratura em atletas ocorre quando o técnico tenta modificar o modo como a pessoa corre. Isso aumenta o estresse em estruturas que antes não estavam preparadas para isso, gerando lesão em vez de melhorar a performance”, exemplifica o especialista.

Quando o médico percebe, no exame físico, que as articulações não são flexíveis entre elas, essa rigidez também é motivo de intervenção, que pode ser cirúrgica, a fim de realinhar os ossos do pé, ou readequar o uso de calçado. “Tal condição, mais frequente em pés planos, pode indicar a presença de uma ponte óssea que limita o movimento entre os ossos do pé e isso, geralmente, causa dor. Também pode acontecer de o paciente passar a infância sem sintomas e o problema incomodar na fase adulta”, complementa Bruno.

Bota e palmilha resolvem?

A antiga resolução para o pé chato ficou no passado. Segundo Bruno, vários estudos aplicados em populações diferentes, que usaram e não usaram bota, apontaram que o percentual de crianças que mantiveram ou não o pé plano é igual. Ou seja, sem eficácia comprovada, o método não é mais utilizado.

O que, de fato, surte efeito na opinião do especialista é deixar que a criança ande descalça desde pequena, em terrenos diferentes. A meia antiderrapante não vale. Só mesmo com o pé no chão o bebê vai se acostumando às diferentes texturas, temperaturas. “Isso fortalece a musculatura intrínseca do pé e diminui a incidência de pé plano.”

Bruno explica que pés planos são flexíveis e amortecem muito bem, por isso, outra recomendação é optar por calçados mais firmes, com bicos arredondados. Também não custa nada lembrar que o uso de salto alto é recomendado apenas na adolescência, quando já se atingiu maturidade óssea.

Artigo originalmente publicado em: Portal EBC