Artigos e dicas do médico ortopedista Dr. Bruno Massa sobre ortopedia pediátrica, cirurgia do pé e tornozelo e traumatologia.

Como saber se a criança tem pé chato?

Especialista mostra que o melhor, para prevenir o problema, é deixar os pequenos caminharem com os pés descalços em diferentes terrenos

Entre tropeços e acertos, por volta do primeiro ano de idade, os pequenos começam a arriscar alguns passos. Mas, logo já estão dando aquele trabalho, correndo pela casa toda, certo? Entretanto, passado algum tempo, quando notam algo estranho na aparência do pé ou no modo como o filho anda, apoiando toda a planta do pé no chão, os pais podem se perguntar se a criança tem pé chato. Segundo o médico Bruno Massa, o pé plano se trata de uma constituição anatômica normal a todos os bebês durante os primeiros anos de vida.

“A curvatura do pé depende do desenvolvimento da criança e até mesmo do estímulo do andar para se formar. Por isso, só confirmamos o diagnóstico aos quatro anos de idade”, diz o ortopedista, que atua no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Se ainda assim a queixa persistir, os pais devem procurar um ortopedista para avaliar não apenas a anatomia, mas a rigidez e o incomodo que o paciente sente. “Isso porque o pé pode, de fato, ter menos arco medial, mas não causar sintomas à criança. A intervenção médica só é recomendada quando há dor ou calosidade”, explica o especialista.

Quando a condição interfere apenas no andar, ou se trata apenas de uma questão estética, a cirurgia não é indicada, pois, de acordo com Bruno Massa, é preciso respeitar a mecânica natural de cada indivíduo. “Uma das causas mais frequentes de fratura em atletas ocorre quando o técnico tenta modificar o modo como a pessoa corre. Isso aumenta o estresse em estruturas que antes não estavam preparadas para isso, gerando lesão em vez de melhorar a performance”, exemplifica o ortopedista.

Bota e palmilha resolvem?

A antiga resolução para o pé chato ficou no passado. Segundo Bruno, vários estudos aplicados em populações diferentes, que usaram ou não bota, apontaram que o percentual de crianças que mantiveram ou que corrigiram o pé plano é igual. Ou seja, sem eficácia comprovada, o método não é mais utilizado.

O que, de fato, surte efeito na opinião do especialista é deixar que a criança ande descalça desde pequena, em terrenos diferentes. A meia antiderrapante não vale. Só mesmo com o pé no chão o bebê vai se acostumando às diferentes texturas, temperaturas. “Isso fortalece a musculatura intrínseca do pé e diminui a incidência de pé plano”, diz o especialista.

Bruno explica que pés planos são flexíveis e amortecem muito bem, por isso, outra recomendação é optar por calçados mais firmes, com bicos arredondados. Também não custa nada lembrar que o uso de salto alto é recomendado apenas na adolescência, quando já se atingiu maturidade óssea.

Artigo originalmente postado em: Uai

Pé chato: Diagnóstico é certeiro só após os 4 anos

Entre tropeços e acertos, por volta do primeiro ano de idade, os pequenos começam a arriscar alguns passos. Mas logo já estão dando aquele trabalho, correndo pela casa toda, certo? Entretanto, passado algum tempo, quando notam algo estranho na aparência do pé ou no modo como o filho anda, apoiando toda a planta do pé no chão, os pais podem se perguntar se a criança tem pé chato. Segundo o médico Bruno Massa, o pé plano se trata de uma constituição anatômica normal a todos os bebês durante os primeiros anos de vida.

“A curvatura do pé depende do desenvolvimento da criança e até mesmo do estímulo do andar para se formar. Por isso, só confirmamos o diagnóstico aos quatro anos de idade”, diz o ortopedista que atua no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas.

Se ainda assim a queixa persistir, os pais devem procurar um ortopedista para avaliar não apenas a anatomia, mas a rigidez e o incomodo que o paciente sente. “Isso porque o pé pode, de fato, ter menos arco medial, mas não causar sintomas à criança. A intervenção médica só é recomendada quando há dor ou calosidade.”

Quando a condição interfere apenas no andar, ou se trata apenas de uma questão estética, a cirurgia não é indicada, pois, de acordo com doutor Bruno, é preciso respeitar a mecânica natural de cada indivíduo. “Uma das causas mais frequentes de fratura em atletas ocorre quando o técnico tenta modificar o modo como a pessoa corre. Isso aumenta o estresse em estruturas que antes não estavam preparadas para isso, gerando lesão em vez de melhorar a performance”, exemplifica o especialista.

Quando o médico percebe, no exame físico, que as articulações não são flexíveis entre elas, essa rigidez também é motivo de intervenção, que pode ser cirúrgica, a fim de realinhar os ossos do pé, ou readequar o uso de calçado. “Tal condição, mais frequente em pés planos, pode indicar a presença de uma ponte óssea que limita o movimento entre os ossos do pé e isso, geralmente, causa dor. Também pode acontecer de o paciente passar a infância sem sintomas e o problema incomodar na fase adulta”, complementa Bruno.

Bota e palmilha resolvem?

A antiga resolução para o pé chato ficou no passado. Segundo Bruno, vários estudos aplicados em populações diferentes, que usaram e não usaram bota, apontaram que o percentual de crianças que mantiveram ou não o pé plano é igual. Ou seja, sem eficácia comprovada, o método não é mais utilizado.

O que, de fato, surte efeito na opinião do especialista é deixar que a criança ande descalça desde pequena, em terrenos diferentes. A meia antiderrapante não vale. Só mesmo com o pé no chão o bebê vai se acostumando às diferentes texturas, temperaturas. “Isso fortalece a musculatura intrínseca do pé e diminui a incidência de pé plano.”

Bruno explica que pés planos são flexíveis e amortecem muito bem, por isso, outra recomendação é optar por calçados mais firmes, com bicos arredondados. Também não custa nada lembrar que o uso de salto alto é recomendado apenas na adolescência, quando já se atingiu maturidade óssea.

Artigo originalmente publicado em: Portal EBC

Raquitismo

Embora os ossos pareçam estruturas estáticas, o seu metabolismo é dinâmico intimamente ligado ao cálcio, fosfato e vitamina D.

Raquitismo é uma doença que envolve tanto o metabolismo ósseo, quanto os níveis de cálcio, fósforo e vitamina D.  Ocorre devido a mineralização inadequada na cartilagem de crescimento associada a baixas taxas de fosfato.

Os níveis insuficientes de vitamina D e cálcio levam a disfunção do metabolismo ósseo que, por sua vez, gera deformidades nos membros inferiores e fragilidade óssea, sendo esses últimos os principais motivos de procura ao pediatra ou ortopedista.

Vitamina D

A vitamina D auxilia na absorção de cálcio pelo intestino e pelos rins.

Com as mudanças de comportamento da nossa sociedade e a menor exposição aos raios ultravioletas, os níveis dessa vitamina no sangue estão abaixo do normal em mais indivíduos do que prevíamos. Desta forma, suplementos de tornaram uma maneira comum de adquirir a vitamina D.

Cálcio

O cálcio participa não só do metabolismo ósseo, mas também do metabolismo dos músculos e do sistema nervoso.

A absorção no intestino ocorre com ajuda da vitamina D, o cálcio então é armazenado nos ossos e excretado pelos rins. Se houver redução dos níveis no sangue, o intestino é estimulado a aumentar a absorção, o organismo diminui a quantidade de cálcio armazenado nos ossos (em outras palavras, os ossos “perdem” cálcio) e os rins começam a trabalhar para excretar menos cálcio. Uma dieta rica em cálcio é fundamental, portanto, para manter os ossos fortes. Leite e derivados são a principal fonte de cálcio na dieta humana.

Diagnóstico 

diagnóstico de raquitismo é complexo do ponto de vista laboratorial mas segue a lógica de todos esses metabolismos explicados anteriormente.

São avaliados, em conjunto, exames de sangue que incluem: cálcio, fosfato, vitamina D, fosfatase alcalina e hormônio paratireoidiano (PTH); bem como radiografias (em que podemos ver alargamento da cartilagem de crescimento e sinais de ossificação irregular na metáfise dos ossos) e, mais importante, os sinais clínicos de fraqueza, irritabilidade e deformidades ósseas (membros inferiores, coluna e costelas).

Como ocorrem as deformidades nos ossos?

Crianças e adolescentes possuem uma central reguladora de crescimento em seus ossos, chamada de cartilagem de crescimentoNo raquitismo o processo de formação de osso pelas cartilagens de crescimento é anormal. As células responsáveis por produzir o osso geram calcificações irregulares que, por sua vez, dão origem a ossos mais frágeis. Com o passar do tempo, esse osso fragilizado, sob o peso da criança, vai se deformando.

Tais deformidades são variadas:

  • Membros inferiores valgos – quando os joelhos se aproximam e os tornozelos se afastam.}
  • Membros inferiores varos – quando os joelhos se afastam e os tornozelos se aproximam.
  • Combinação de ambos – deformidades em “ventania”.

Estes ossos frágeis também podem sofrer fraturas e nesses casos o tratamento é especifico para cada fratura.

Tratamento

Embora muitos pais se preocupem mais com as deformidades (afinal, foram elas o motivo de procura dos serviços de saúde), o tratamento do raquitismo em si é a etapa mais importante da terapia.

Em geral, os pediatras indicam reposição de vitamina D e cálcio juntamente com adequação da dieta.

Uma vez tratado o raquitismo, deformidades mais leves passam por um processo de remodelamento natural do osso e são corrigidas. Deformidades maiores necessitam de tratamento ortopédico especifico, muitas vezes cirúrgico.

O raquitismo é uma doença evitável e sua prevenção é o melhor tratamento. Na menor suspeita é fundamental procurar o pediatra e o ortopedista para investigação adequada.

Epifisiolistese: O que é e como se trata?

A epifisiolistese acomete o quadril de adolescentes (a média de idade é de 12 anos para meninas e 13,5 anos para meninos).

Uma parte do fêmur (cabeça) “escorrega” causando um desvio na cartilagem de crescimento que, por ser uma estrutura delicada, não suporta o peso corporal e leva a deformidade no quadril.

Embora a causa exata seja desconhecida. Sabe-se que a epifisiolistese é mais comum nos meninos, negros e principalmente nos obesos, bem como em crianças com doenças endocrinológicas e doenças renais.

Quais são os sintomas?

O sintoma mais comum é a dor prolongada no quadril (duração de meses a anos). Mais raramente as queixas podem se assemelhar as de um caso de fratura: dor aguda e forte. Com a evolução da doença notamos encurtamento e rotação da perna acometida (o pé passa a apontar para o lado) associados a limitação da mobilidade da articulação.

Em metade dos casos os dois lados do quadril apresentam sintomas, normalmente iniciados com até 1 ano de intervalo de início.

A dor pode ser referida no joelho.

Costuma-se classificar a epifisiolistese clinicamente em:

  • Instável: paciente não consegue apoiar a perna acometida (mesmo com muletas)
  • Estável: paciente consegue apoiar a perna acometida

Como fazer o diagnóstico?

Nos casos de adolescentes com queixa de dor no quadril ou no joelho deve-se suspeitar de epifisiolistese. Muitas vezes tanto o diagnóstico quanto o tratamento são atrasados porque essa possibilidade simplesmente não foi considerada, aumentando consequentemente o risco de complicações.

A investigação é inicialmente clinica com a avaliação dos sintomas e do exame físico sendo então complementada com exames de imagem.

O principal exame usado no diagnóstico do escorregamento da cabeça do fêmur é a radiografia. Na qual avalia-se o quadril de frente e em perfil. Na maioria dos casos a radiografia é o suficiente para confirmar a epifisiolistese e planejar o tratamento. Apenas em casos muito específicos solicita-se tomografia ou ressonância magnética como exame complementar.

Como é o tratamento da epifisiolistese?

O principal objetivo do tratamento é evitar a evolução do escorregamento e a piora da deformidade. Quando realizado logo no inicio dos sintomas e com mínimo desvio as chances de boa evolução são maiores.

  • Fixação: chamada de fixação “in situ”, ou seja, na posição que está.
  • Osteotomias: em casos com deformidade grave existe a indicação de corrigir o formato do quadril através de cortes cirúrgicos no quadril (osteotomias).
  • Fixação do quadril do outro lado: quando há risco elevado de escorregamento do lado contra lateral (como em crianças muito novas ou que tenham doenças endocrinológicas).

Quais são as complicações?

As principais complicações são a necrose e a condrólise. Ambas podem ocorrer nos escorregamentos graves e agudos. Podem levar a degeneração do quadril provocando dor com o passar do tempo.

Consideração final:

A epifisiolistese é a doença ortopédica mais comum do quadril do adolescente. Pode ser muito limitante e, por isso, deve ser sempre investigada nos casos de dor no quadril e joelho sendo indicado tratamento o mais precoce possível nos casos com diagnóstico confirmado.

Bolhas, calos e dor. Qual sapato eu compro?

Este é o dilema de muitos pacientes na hora de comprar calçados e, por isso, também são queixas frequentes no consultório ortopédico. Embora diversos textos já tenha sido publicados a esse respeito, a dúvida persiste.

Nesse sentido, o objetivo deste texto é servir como guia no momento da compra dos sapatos.  Para tanto, será dividido em  três  partes: 1) O calçado, 2) Queixas mais frequentes e 3) Existe um sapato ideal?

O Calçado

São diversas opções tanto para os homens quanto para as mulheres, mas alguns componentes são comuns e conhecê-los nos ajuda a fazer a melhor compra:

  1. Contraforte – parte posterior que apoia no calcanhar, tem rigidez variável. Ausente em algumas sandálias e nos chinelos.
  2. Biqueira– é a parte da frente do sapato
  3. Palmilha – é a parte interna do calçado, deve ser macia para ajudar a absorver impacto e dar conforto no calçar.
  4. Solado – dá proteção ao pé. Pode ser mais ou menos flexível (ser mais rígida não significa um sapato “duro”, uma vez que a palmilha é quem deve dar essa característica)
  5. Salto – muito variável, em especial nos calçados femininos.

Bolhas, calos e dor. Qual sapato eu compro?

Queixas e dúvidas mais frequentes

Bolhas

Talvez a queixa mais frequente. São causadas por atrito entre o sapato e a pele. Ocorrem principalmente nas seguintes regiões:

  • Calcanhar – quando o acabamento do contraforte é muito rígido e pouco protegido.
  • Próximo ao “dedão” – o formato do pé não é compatível com a forma do sapato seja pela largura do pé, seja pela presença de deformidades como o joanete (link texto joanete) .
  • Próximo ao “mindinho” – geralmente quando em sapatos menores que o tamanho ideal
  • Perto das unhas dos dedos – nos casos de deformidade dos dedos.

Como tratar as bolhas

Evitar o atrito com o uso de calçados mais largos e de acabamento macio. O conceito de “amaciar” é controverso: um sapato deve ser confortável desde o primeiro uso! Mas… Se já tiver formado bolhas, mantenha curativos leves. Procurar um médico quando existirem sinais de inflamação intensa ou infecção (pus ou outras secreções de odor desagradável).

Calos

Os calos também podem ser causados por atrito, trata-se de uma proteção da pele contra lesões repetidas. Uma bolha, a longo prazo, pode se tornar um calo. Em alguns casos os calos não são consequência do calçado e sim de fatores anatômicos do pé. Nesses casos, a avaliação de um ortopedista é importante.

Como tratar os calos

Em geral os calos dolorosos são causados pelas alterações anatômicas e nesses casos é importante avaliar radiográfica e clinicamente para indicar um tratamento individualizado ao paciente.

Dor na planta do pé

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Pode ocorrer ao caminhar ou após permanecer  em pé por longos períodos. Geralmente está relacionada a palmilhas pouco macias (Atenção! A palmilha não tem relação com a flexibilidade do solado. Um sapato ideal tem solado rígido e palmilha macia, ou seja:  mais proteção e conforto total).

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Como tratar dor na planta do pé

Procurar sapatos com palmilhas macias. Aquela sensação de estar pisando em um gel é o que procuramos aqui. Ainda é possível trocar as palmilhas originais por outras mais macias, desde que não tornem o sapato “apertado”, ou seja: o pé não pode atritar com a parte superior do sapato. Algumas dores plantares são causadas por inflamações em tecidos internos do pé como a fáscia plantar e tendinopatias. Nesses casos, apenas a palmilha não será o suficiente e um especialista deve ser consultado.

Existe um calçado ideal?

Sim!

O calçado ideal é aquele que desde o primeiro momento protege e não atrita com o pé: não se deve esperar o sapato “amaciar”.

Cada pé tem uma necessidade específica e infelizmente algumas formas dos calçados não atendem a todos. Aquele “sapato lindo da vitrine” talvez não seja adequado.

Qual o formato do meu pé?

“Meu filho tem pé chato” ou “Disseram na academia que o pé dela é pronado”. Todos ouvimos a respeito das formas do pé: chato, cavo, pronado ou supinado, mas existe um pé normal? Claro que sim, muitos! Diariamente variações anatômicas não são classificadas como defeitos: cor dos olhos, cor dos cabelos… então por que os pés não podem ter variações?  O conceito de “pé normal” mudou muito; atualmente aceita-se que os pés tenham variações no formato.  Nesse texto explicaremos essas variações e quais fatores devem nos preocupar.

A curva interna

Classificamos os pés basicamente pelas características da sua curva interna e pela seu apoio plantar (a pegada) em:

  • Pé “normal”– a curva existe e o apoio se dá na parte mais externa da planta, mas é possível notar uma continuidade na “pegada”

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  • Pé plano (pé chato)– a curva é pequena ou não há curva, existe apoio de uma área maior da planta do pé

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  • Pé cavo – há um aumento na curva, no apoio plantar quase não há apoio no meio do pé

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A flexibilidade

Embora o conceito seja complexo, podemos resumir a flexibilidade do pé como a capacidade de alternar entre “plano” e “cavo”.  Por exemplo: quando estamos sentados ou deitados, sem colocar peso sobre os pés, é possível observar o arco (aspecto cavo). De forma dinâmica, quando ficamos na ponta dos pés, essa curva se acentua.

Normalmente, os pés classificados como planos tem maior flexibilidade que os pés cavos. Ou seja, na prática, ao andar na areia (há um amortecimento grande e um esforço maior para impulsionar o passo) um pé pode aparentar ser  plano (justamente por ser mais flexível), enquanto ao andar no asfalto (o amortecimento é ruim e o impulso é mais fácil) o mesmo pé pode aparentar ser cavo.

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O Calcanhar

No exame médico a posição do calcanhar também é avaliada. Ele pode ser classificado de duas formas:

  • Valgo: parte mais plantar se afasta do centro do corpo
  • Varo é o oposto, quando ela se aproxima.

Normalmente o pé plano tem associação com o calcanhar valgo, o normal tem um alinhamento levemente valgo e o cavo, com varo. Associações diferentes dessas não são esperadas em pés “normais” e quase sempre estão relacionadas a alguma má formação.

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Pés Pronados e Supinados

O conceito médico de pronação e supinação relacionado à anatomia do pé é complexo. Envolve uma “torção” interna ou externa ao longo do eixo do pé e pode variar inclusive em livros texto de anatomia. No entanto, essas denominações têm sido usadas com frequência, em especial na fabricação de alguns tênis para corrida ou caminhada. De maneira simples podemos dizer que os pés pronados são os pés mais chatos e os supinados os mais cavos.

Quando me preocupar?

Como vimos o conceito de pé normal, atualmente, é muito amplo. Variações muito acentuadas que dificultam calçar sapatos ou provocam dor para pisar, ou ainda os pés rígidos  devem chamar a atenção e merecem investigação clinica e radiográfica.

O que é a “Dor do Crescimento”?

A dor do crescimento é a dor que acomete geralmente crianças de 3 a 12 anos, principalmente nas pernas, de forma simétrica, em episódios que costumam acontecer no final da tarde ou à noite e que, principalmente, não tem nenhuma alteração nos exames físico e radiográfico.

O termo “Dor do Crescimento” foi descrito há muitos anos e, desde então, é empregado para descrever essa dor de causa desconhecida. Por muitos anos, acreditava-se que a dor era causada pelo esqueleto em crescimento, porém nenhum estudo conseguiu comprovar essa teoria. Pelo contrário, a idade de maior prevalência da dor não é a de maior crescimento: a dor tende a desaparecer na adolescência quando há o estirão de crescimento.

Estudos mais recentes trouxeram maiores informações e indicaram uma nova abordagem para esses pacientes.

Dor do Crescimento existe?

Sintomas
Dor, principalmente nas pernas, com intensidade variável. Algumas crianças têm quadros mais intensos, chegando a chorar e acordar devido à dor, mas na maioria das vezes, ela se apresenta de forma leve a moderada.

Ocorre sempre no final da tarde ou à noite.

Na maioria dos casos, a dor aparece em ambos os membros, mas pode ocorrer em apenas um. A ocorrência é variável e raramente é diária.

Diagnóstico
O diagnóstico é clinico. O exame físico e radiográfico em geral é normal e a história clinica é característica.

Normalmente a dor está relacionada a situação de estresse muscular e ósseo em crianças muito ativas, porém novos estudos mostraram uma associação grande da dor do crescimento com a deficiência de vitamina D e a síndrome das pernas inquietas.

Deficiência de vitamina D
Essa condição de deficiência de Vitamina D, cada vez mais encontrada tanto em crianças quanto em adultos, está presente em cerca de 86% das crianças com dores do crescimento. A reposição da vitamina melhora os sintomas e diminui a ocorrência da dor nesses casos.

Síndrome das pernas inquietas
A síndrome das pernas inquietas é uma condição neurológica, encontrada também na faixa pediátrica, que se caracteriza pela agitação motora involuntária dos membros inferiores, mais intensamente à noite, causando distúrbios no sono e podendo gerar quadros dolorosos, similares ao da dor do crescimento.

Tratamento
A dor, em geral, melhora sem a necessidade de medicação analgésica. Apenas cerca de 20% das crianças necessitam de medicação. A atenção dos pais, associada a massagem ou medidas locais (pomadas, gelo, bolsa de água quente) é suficiente para aliviar os sintomas e permitir o sono da criança. Se a criança permanecer com dor no dia seguinte, é fundamental a avaliação médica, uma vez que esse comportamento não é condizente com a dor do crescimento.

A reposição de vitamina D deve ser realizada nos casos em que há deficiência da mesma. Quando diagnosticada a síndrome das pernas inquietas, essa deve ser tratada adequadamente para a melhora do quadro.

Mensagens finais
A dor do crescimento é uma condição muito comum. Na maioria dos casos, não necessita de nenhum tratamento especifico e tende a melhorar na adolescência.

Devem ser investigados fatores associados, como a deficiência de vitamina D e a síndrome das pernas inquietas. Na presença dessas condições, o tratamento da dor é associado ao tratamento destes fatores.

Dores muito intensas, que ocorrem ou persistem durante o dia, em especial pela manhã, não são características da dor do crescimento e devem ser investigadas pelo pediatra ou pelo ortopedista.

O que é Osteomielite?

As infecções nos ossos são chamadas de osteomielites.

São motivo frequente de internação e podem levar inclusive risco de vida. O diagnostico correto e rápido é fundamental para diminuir a incidência de complicações.

Três fatores são importantes para a gravidade da infecção: a bactéria infectante, a saúde do paciente e de onde é a bactéria.

Como as bactérias chegam aos ossos?

  • Por via direta: Quando as barreiras de proteção são rompidas (pele, capsula articular e periósteo). Acontece muito frequentemente em consequência de acidentes e cirurgias.
  • Pelo sangue: Chamamos tecnicamente de “via hematogênica”, existe uma infecção em outro local que “solta” bactérias na corrente sanguínea ou essas entram na corrente sanguínea através de um machucado na pele.

Infecções causadas por via hematogênica são na maioria dos casos causadas por apenas uma bactéria e correspondem a aproximadamente 20% dos casos. As por inoculação direta tem mais de uma bactéria e correspondem à maioria dos casos.

Quais são os sintomas?

  • Dor
  • Inchaço
  • Vermelhidão
  • Calor local
  • Febre
  • Queda do estado geral

Classificamos as osteomielites de acordo com o tempo de duração da doença em : agudo se menos de 2 semanas, subaguda se entre 2 semanas e 3 meses e crônicas se mais de 3 meses. Qualquer osso pode estar acometido. Acometimento de mais de um osso pode ocorrer é mais frequente em recém nascidos ou pacientes com baixa imunidade.

Um dos fatores de cronificação das infecções é a capacidade de algumas bactérias de produzir uma camada de proteção chamada de “biofilme” que as protege da ação dos antibióticos e do sistema imune.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico feito com a historia clinica, exame físico, exames laboratoriais (hemograma, proteína c reativa e velocidade de hemossedimentação), exames de imagem e culturas.

As culturas são fundamentais para o planejamento do tratamento pois identificam o germe causador da doença.

Como é o tratamento da osteomielite?

O tratamento depende de duas frentes:

  • Antibiótico – inicialmente por via endovenosa e completada com medicação oral guiada pelo resultado das culturas. É fundamental para controlar a infecção evitar que a mesma retorne.
  • Cirurgia – deve drenar abcessos, colher de culturas e retirar todo osso infectado.

O tratamento associado com antibióticos e cirurgia  é muito eficiente e tem taxa de sucesso elevada.

Existem complicações?

Existem diversas complicações, principalmente se o tratamento não é iniciado precocemente. A principal é a cronificação da infecção e a sua recidiva. Isso pode acontecer mesmo depois de muitos anos sem nenhum sintoma. Outras são as deformidades e a não consolidação de fraturas (chamadas de pseudoartroses).

As osteomielites são infecções graves e que precisam de tratamento adequado para a sua eficiência e evitar complicações.